42 dias úteis de EF Escolar no 11º ano = 8 horas e 20 minutos de Educação Física.
Estes números foram retirados texto do meu relatório final do estágio pedagógico, em 2005, realizado na Escola Secundária de Salvaterra de Magos. Estes eram os números de prática para 8 semanas de aulas de Educação física numa turma do 11º ano de escolaridade. Em quarenta e dois dias úteis os jovens tinham apenas 500 minutos de educação física, portanto 8 horas e 20 minutos, em 8 semanas. Estes números mostram bem a realidade da educação física em Portugal. Esta é sem dúvida uma limitação da Educação Física. No entanto, quem pensar um pouco sobre estes números verifica que não é um problema apenas da educação física, é sim um problema dos alunos, um problema dos professores, um problema dos sucessivos ministérios da educação, um problema do sistema educativo e naturalmente um problema do país.
Esta questão rapidamente se torna num problema económico e social, visto que é fácil explicar as causas e as consequências do elevado número de problemas cardiovasculares, em Portugal.
Falando estritamente do trabalho da Educação Física Escolar, os números falam por si e sustentam inequivocamente as dificuldades que professores e alunos têm em ensinar e aprender com esta limitação temporal, principalmente em turmas do 11º e 12º anos.
Como está a educação física nas primeiras idades?
No momento actual temos as actividades extra-curriculares ao nível do primeiro ciclo do ensino básico, em vez da Educação Física que devia fazer parte do currículo do aluno, como prevê a Lei de Bases do Sistema Educativo e no entanto a Educação Física ainda está à margem de um quadro de avaliação formal. Os alunos sentem estas actividades exactamente como elas são, actividades extra curriculares, são portanto a continuidade ou o prolongamento do recreio.
As crianças e jovens actualmente têm menos actividade quotidiana que tinham em 2005. A resposta que a educação física pode dar é ainda menos capaz, tendo em conta a mudança de hábitos dos jovens no que diz respeito ao exercício físico e à alimentação.
De uma maneira geral, a actividade física não formal foi substituída pelos jogos em consolas e a fruta e os legumes foram substituídos por comidas processadas, o resultado está à vista. Temos noticias e estudos credíveis a indicar que as crianças estão com problemas concretos de aptidão física, com consequências futuras para a saúde e para a economia do país que não pode suportar 4 milhões de diabéticos.
João Paulo Canas, Fiquemforma